segunda-feira, agosto 09, 2010

"I'm so tired of playng with your bow and arrows."

Estou cansado de todo esse formalismo,

do suor pedido e agradecido,

e de despedidas com apertos de mãos.


Estou cansado dessa distancia tola,

de todos os tipos, em que sou jogado,

quando os desejos são atendidos.


Estou cansado do silêncio amargo,

eu quero o doce, do mais doce silêncio

que pode existir.


Estou cansado desse peito arfante,

imaginário, colado ao meu por onde vou.

Somos formais, somos lordes, somos odiosos.


Dá próxima vez não peça, não agradeça,

não quero carinho nem educação,

quero mordidas e uma língua quente,

quero medidas, suor mal educado,

mal intencionado,

quero o sono dos bandidos justos

depois do cansaço das vilanias.


Ser o vilão de uma história sem mocinho,

Os meus anjos eu gosto dormindo!

Ao acordar espero sempre o diabo,

com língua ferina, com língua ferida,

fogo mental, traiçoeiras lembranças,

eternas conversas conotadas.


Podemos ser bons,

mas somos melhores maus.


o meu Diabo eu amo,

o meu Diabo me ama.


O meu Diabo não mora no inferno,

mora na rapidez em que os olhos se tocam,

e na rapidez em que as roupas se vestem,

e na lentidão em que os pensamentos se vão,

e na rapidez em que os cinzeiros se enchem.


Meu Diabo mora no que resta queimado.

quarta-feira, junho 16, 2010

Vamos falar do óbvio? ou Sobre o amor ou Sobre a inexistência.

Assista eu fingir que não me importo.
Eu fingir esse modo tenso e denso de coexistir.
Eu fingir rindo, falante, mas sempre verdadeiramente calado.

É o que eu sou, o fingidor, o finge dor, o finge amor
sempre calado.
Diante do que me impressiona de tão ...
Hmm.. Óbvio? Sim, a obviedade sempre me impressionou.

Talvez pela minha eterna esperança de criança
de que o que é óbvio no fim não existirá.
De que o óbvio esconde o não óbvio.

De que no fim existirá apenas luz,
apenas som, apenas suor, sal, líquidos,
e ar bem suspirado.

O suspiro bem findado,
o suspiro primogênito
que foi o primeiro da família a atingir o fim.
O fim que nenhum suspiro atinge.

Assista eu fingir que finalizo suspiros.

Assista eu fingir para mim mesmo que essas coisas são on/off.

Não. O que existe é o óbvio.
Isso que eu vejo e acho que esconde algo
É na verdade o único algo que existe.
O algo óbvio..

O que eu vejo chamando de futuro
é na verdade o presente em que já vivo
e sempre vivi.

Assista eu sempre calado.

quinta-feira, março 25, 2010

Nesse momento me interessa a dúvida.
Percepção ou realidade?
Aceito.
Olhares verdes que já tive um dia.
Um dia em que também fui criança.
Olhar verde. Verde e inocente.

Há! Mas seus olhos são castanhos.
Castanho castanha,
castanho criança,
castanho divida.

Eu também já fui criança,
também já dei meu olhar,
também já dei o que de inocente eu tinha.

Mas não, você me engana.
Eu me engano. Eu engano.
Não houve inocência, não há inocência.
Percepção ou realidade? Percepção e realidade?

Para de me olhar! Para de se entregar!
Tão cedo, tão tarde. Cedo.
Não estrague o tudo enquanto acho que você é inocente.
Não me torne o inocênte.

quarta-feira, março 03, 2010

.

- Uma vez... - traga o cigarro.
- Você não deveria fumar..
- Uma vez... Um cara me disse que eu deveria ser mal educado para ganhar um pouco de respeito.
- Não sei, as vezes frases de efeito são só frases de efeito.
- Você discorda então?
- Você nunca foi mal educado comigo e eu te respeito.
- Ah... Mas a questão não é ser respeitado, é ser respeitado por quem a gente quer o respeito...
- Entendo.

Se vestiu e foi embora.

Pega a minha mão,
pega o meu peito,
pega o meu pint,
pega o meu cheiro,
pega o meu pelo,
pega a minha pele,
pega e não larga.

Pega o meu ar,
pega o meu suspiro,
pega o meu segredo,
pega o meu destino,
pega o meu arbitrio,
pega o meu joie de vivre,
pega e não larga.

Pega o meu sal,
pega o meu suor,
pega o meu sangrar as vezes,
pega os meus dentes,
pega os meus labios,
pega o meu arrepio,
pega a minha solidão,
pega e não larga.

Pega, peque, peça,
ou nem peça, só pega, pega tudo,
e não larga.

Eu largo.

sexta-feira, julho 24, 2009

Tango.

Eu olho.
Ele me olha.
Me desvio, envio.
Rodopio.

Encontro suas mãos no encontro dos corpos no encontro dos sons no encontro do desencontro.

Caio, rebaixo, rastejo me arrasto, rasteira rasteiro.

Tango sempre termina em morte ou abandono.


Como se dança o tango [tutorial]

Você diz que sim,
ele diz que não.
Você diz que não,
ele diz talvez.

Te esfrega, te nega, te pega, te joga.
Você diz que não, ele diz talvez.
Você diz talvez, ele diz AGORA.

Você se zanga, deseja, pede, implora,
ele te joga no chão.
Você rola, grita em silêncio,
ele ri.

Você ama, ele diz amar.
Ele é o primeiro a ir embora.

terça-feira, julho 21, 2009

Fantome

É distante,

diferente,

triste,

só,

ser um fantasma.

Não fazer parte do (seu) mundo.

Apenas, vezenquando assombrar,

assustar.

Não ter pele,

não ter cor,

não ter som,

não ter toque,

não ter sabor.

Passar, fluido como o ar.

Invisivel como o ar.

Mas não necessário.

Não vital.

Não indispensável.

Ser soprado para longe.

Quando o que se quer é ser aspirado.

É distante,

diferente,

triste,

só,

ser um fantasma para quem ninguém reza.

Por quem ninguém reza.

O que não existe não existe.

Simples conclusão. Simples confusões.

Detalhes não existem para o que não existe.

Explicações não existem para o que não existe.

É distante,

diferente,

triste,

só,

não existir.

Não ser explicado.

Ser infinito, mas não explicado.

Ser infinito, mas não audivel.

Ser infinito, mas não tocável.

Ser infinito, mas cabendo, ajustado,

perfeitamente do lado de fora.

É distante,

diferente,

triste,

só,

ser um fantasma.

Não fazer parte do (seu) mundo.

Apenas, vezenquando assombrar,

assustar.

terça-feira, julho 07, 2009

Eu queria essa tal de pele que todos falam.
Esses tais de dedos que todos tem, menos eu.
Esse tal coração.
Um que pulse forte, ou que apenas pulse.
Esses tais de olhos,
que de coloridos em coloridos só me mostram cinzas.

Não existe.
Se demora o toque, não existe o toque.
Se demora o olhar, não existe o olhar.
Se demora o beijo, não existe o beijo.

O que existe não demora.
Cobra, tem pressa, busca.
Penetra a pele em arrombos.
Derruba a porta sem ver se está aberta.

O que não existe sempre me engole.
Aperta o meu cérebro entre os dentes.
Extrai o suco do que sei de desejos.
Extrai o suco do que sei do gostar.

E me vomita.