quarta-feira, novembro 02, 2005

Obliviantes

Ana Hatherly

Era uma vez uma cidade grande, onde instaurou-se a dignidade do suicídio. Clínicas especializadas distribuíam cápsulas transparentes que os candidatos tomavam para, depois de embalados, atingirem o passamento sonhado. As cápsulas chamavam-se "obliviantes" e nelas desapareciam os obliviados, a quem todos se referiam com reverência. Mas era preciso merecer a morte obliviosa, pois nem todos tinham o direito de morrer.