terça-feira, setembro 26, 2006

Aluguei um livro que eu sei que eu não lerei, de um assunto(pessoa) interessante, que uma pessoa(assunto) me fez querer ler, comprei um CD cuja minha vontade é adiantar as faixas e ir direto ao samba. Agora estou em casa, esperando alguém me ligar, para uma caminhada noturna(nunca ligou), mas ninguém me liga após as onze, ninguém me liga após as sete, ah, que se foda, ninguém me liga. Ninguém me liga, me dando motivos para escovar os dentes, trocar a roupa, a roupa de cama, guardar os objetos guardáveis. Ninguém me liga para me contar uma novidade(me chamar para tomar cerveja), perguntar como vou(me chamar para tomar cerveja). É segunda-feira, 23h13... Tarde? Ah... Eu podia ir sozinho. Me entregar ao meu prazer alcólatra, contar algum drama, desconhecudi agora sóbrio, a um desconhecido não sóbrio. Podia ir até ali, a duas quadras de casa, não vou porque não quero, mesmo querendo muito. Há um fogo dentro de mim, dizendo: "Chega de pensar, alimente seus básicos instintos.", há um fogo dentro de mim, dizendo que eu devo pegar o cigarro, que aprendi a fumar com pessoas de nomes comuns, e fumar tudo, no bar, que tem aqui, a duas quadras, e que talvez, a solidão parecerá algo nobre, exótico, um tanto quanto cult, dependendo é lógico da direção em que minha mão segura o cigarro, ao mesmo tempo que apoia o meu queixo, e se opõe a direção dos meus olhos, que olharão o horizonte. Se fizer certo, serei querido por desconhecidos, inexistentes, já que meu saber não os alcança. Agora são 23h21, enquanto decido o velho que fica no bar coloca cadeira sobre cadeira e olha com um olhar efuzivo, queimante os grupos ali sentados, bebendo e fumando. Sim, eu podia estar lá, talvez eu até encontrasse aquela menina que estudou comigo, e que sempre quando me vê é num momento solitário e bebado, ela me cumprimentaria alegremente e sairia pensando "nossa, ele mudou", num misto de pena e orgulho por eu a ter superado em assuntos etílicos. Eu podia ir para lá, largar esse caderno e arranjar uma história de verdade, podia, pois não quero dormir, não quero adiantar o CD, mesmo querendo, mesmo querendo muito. Não sei me explicar, há algo dentro de mim, sabe aquilo que sentimos sozinhos, que nos faz deitar no chão frio, ouvindo aquela musica, dramática, nos encolhendo cada vez mais, e mais, querendo impludir, se fechar e não sentir mais nada, quando você mais quer é chorar e nem uma lágrima cai, e isto ainda te deixa com mais raiva de você, por ser permissivo, ou do mundo, por não ser cruel o suficiente? Sabem? Não sabem? Ai droga... É só comigo. E tudo isso porque eu quero uma cerveja(?).