sábado, setembro 24, 2005

Duas vozes...

O corpo desconectado,
os pés que levitam,
os sons, pequenos ruídos,
chiados, uivos baixos,
freqüência dupla.

O coração bate mais forte,
o som aumenta, vibração,
as fibras do corpo se mexem,
e mexem, eu mexo...

Algo dentro de mim dança,
algo dentro de mim
tirou meu eu para dançar,
para tremer.
Descalços, balançam
dentro de mim, e eu sinto,
são dois, que balançam,
pisam em mim por dentro,
rebolam e batem em mim
com seus quadris, febris,
e eu mexo...

E eu mexo.
E mexem comigo.
E eu deixo.

sábado, setembro 17, 2005

Nowadays...(O mais dificil é o titulo...)

"Renda-se como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei.
Pergunte, sem querer, a resposta, como estou perguntando.
Não se preoucupe em "entender".
Viver ultrapassa todo o entendimento."
(Clarice Lispector..)

Estavam juntos, mãos dadas. A rua estava escura e o silêncio total, não se viam, se sentiam pelas mãos que se tocavam. Madrugada. Vento. Os cabelos longos balançavam mais que os curtos e traziam um cheiro, cheiro bom, não um cheiro que se possa classificar, não é cheiro de shampoo, acho que é o próprio cheiro da pessoa, o conjunto de experiências, de pequenas vidas vividas em uma que dava esse cheiro. Cheiro bom. Os cabelos curtos também se debatiam, o cheiro também era bom, mas nada supera os cabelos longos. O silêncio. O silêncio. O silêncio, agora chegou ao fim, os cabelos longos murmuraram algo, que em segundos se transformou em uma conversa animada, algo para se conhecerem, algo para amigos. Conversa. Passos. Madrugada. A conversa agora ia se esvaindo, não que tivesse problemas o não conversar, apenas aconteceu... Os cabelos curtos se atreveram a dar passos longos e se atreveram a se separar a dois passos, mas as mãos estavam dadas, e numa prova incontestável de que as leis da fisica funcionam, houve uma separação de corpos ligados ao máximo e uma junção de corpos próximos, um beijo. "Shiu". Um dedo encostando no lábio. "Posso?". Beijo. Abraço. Minutos. Abraço. Beijo. Passos. Mãos dadas. Os passos os levaram para uma rua iluminada pelos postes. Civilização. Constrangimento. Mãos soltas. Olhos que se encontram. Olhos que se desviam. Medo. Cabelos longos. Passos. Cabelos Curtos. "Não precisa falar. Eu sei. É reciproco.". Passos. Passos. E beijo.

sábado, setembro 10, 2005

Do pensamento... Paixão..

Respirar apressado,
enxugar as mãos,
pensar, pensar...
Das duas coisas que penso,
três são a mesma, sim, três,
o luar, o sol, o luar,
e mesmo que em corpos,
em metades, vermelhas,
sei lá, o pensar paixão não
me larga. A fome, o desejo,
a necessidade, a pressa,
o anseio, o aperto,
as uvas, as mãos, as costas,
maçãs doces e de novo vermelhas,
vermelhas.
Nosso aperto que nunca haverá,
nunca correremos perigo,
nunca brigaremos, porque
nunca ficaremos juntos.
É disso que tenho medo,
Meu amor já se foi sem começar...
De novo, sem começar,
de novo, a noite,
de novo, a curiosidade.
Quem eu olho eu olho,
quem me olha, também olha
qualquer outro, de novo.
Do pensar paixão.

Parte do encanto/reza:
Já é problema divino.
Que eu ache a minha pessoa,
e que você ache a sua,
se eventualmente a minha for você,
e a sua for eu, melhor, senão,
melhor também,
não tem como dar errado.

Faiscador

Eu não consigo enxergar nada de noite, talvez isso seja apenas uma acomodação psicológica, na qual eu apenas não vejo o que não quero, sempre fui assim. O problema não é a noite, e nem o que vejo na verdade, é talvez o ver quem me vê, quem me segue, talvez seja uma falta de auto-estima, eu não enxergo quem me enverga, não sou digno, e também tenho um dom parecido com o de não enxergar quem me enxerga, que é enxergar quem não me enxerga, de novo a falta de auto-estima. A falta de auto-estima nos faz patéticos, e nos faz arrogantes, digo, me faz, não quero generalizar, vamos por nome aos bois. Não sei se o que eu escrevo está correto ou não, mas é uma forma de organizar as idéias, não levem a sério a parte que se segue:
Eu sempre me ponho em situações idiotas, em que em meu mundo mágico eu sou o centro das atenções, sempre entendo as coisas errado, e com essas coisas crio fantasias, onde eu sou querido por todos e a vida não é tão insuportável. Nesse ínterim, planejo uma forma de testar minhas fantasias, de testar se sou querido, dai vem as situações, ainda mais com esse negócio de Internet, parece que ficou mais fácil se fazer de bobo, você pode se fazer de bobo na comodidade do seu lar... Mas enfim, eu inicio as situações na Internet, ou na vida real? Não sei, na verdade são várias as situações vergonhosas, porque eu fantasio bastante... Imaginação. Às vezes eu penso que tenho problemas indetectáveis aos leigos, preciso de ajuda profissional, não que eu não a tenha, apenas acho que preciso urgentemente de medicamentos, ou talvez eu ache que precise disso porque eu não consigo me anestesiar mais, parou. Eu estava começando a achar que depois que você resolve um problema que te impede de sentir o problema "vida" se resolve, mas não, as coisas simplesmente se complicam, o que eu tento dizer, mas que na verdade nem tentei, mas foi à intenção principal do texto foi o fato de eu agora me importar de estar sozinho, sei lá, de não amar, parece que num determinado ponto da vida tudo gira em torno da sua vida amorosa, até chamamos de vida amorosa, uma outra fantasia que tinha era de que o amor era natural, ele explodia num momento em que as coisas aconteciam numa sincronicidade mística, em que entendíamos que estamos inundados num fluido e que todos somos feitos deste fluido e que todo o fluido nos compõe e ao mesmo tempo nos liga, sei lá, até é assim, para mim, só que alguém tem que mover o fluido. Eu estou escrevendo as coisas da forma como elas me chegam ao consciente, sei lá, como autoconhecimento, o que me remete aos meus amados oráculos, e no porque eu acredito neles, simplesmente porque eu acredito em psicologia, um oráculo te manda uma mensagem, e essa mensagem tem um significado único, que é o seu, o de quem está lendo, ou seja, é um único significado que na verdade são vários, é o significado de quem lê, milhões de pessoas que lêem a mensagem a interpretam(nem fale interpretar, que já me vêm diversos pensamentos de coisas que podiam ser evitadas, mas pensando bem, não queria que fossem evitadas, cada um que interprete o que quiser...) de uma forma pessoal, e aplica aos seu problemas pessoais, este é o valor do oráculo para mim, é uma maneira de autoconhecimento, apartir do momento que você recebe a mensagem, automaticamente você se esforça para entender o que isso tem a ver com a sua vida, e isso provoca um autoconhecimento.
Nada do que eu disse fará sentido para quem ler, pelo menos não o meu sentido, porquê o inconsciente usa imagens pessoais para se comunicar com o consciente, as minhas imagens tem o meu significado, e funcionam para mim, sei lá, papo chato, eu podia simplesmente ouvir a música, mas to com vontade de escrever, e as coisas não param, mas agora eu to só enchendo lingüiça pra vida passar mais rápido...

sábado, setembro 03, 2005

Puxa... mas quem é ele e do que que ele está falando?

Olá queridos amigos pensaram que iam se livrar de mim? (eu esqueci a tradução da musica, mas eu sei que tem uma parte que diz eu estava bebada e não parava em pé, ou algo do genêro... Se o João souber eu tenho certeza que ele vai comentar...)... Enfim, o anemosanoite(www.anemosanoite.blogspot.com) acabou... O sonho foi bom, mas eu estou em outro momento, não se pode querer ser o que não se é... Mas isso não vem ao caso, eu tinha escrito um texto que tinha 100 linhas(no caderno, o que aqui seriam 500) e ficou grande demais para colocar aqui e tinha coisas que eu me arrependi de escrever, ele era dividido em 10 partes, 1 prológo e 9 pequeninos capitulos que tinham prosa e poesia, mas decidi postar só da parte VI em diante...

Parte VI - Orgasmos multiplos(Adélia Prado)
Ensinamento

Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

Parte VII - Prosa X Poesia
Atualmente prefiro poesia, a prosa é, ou tenta ser explicativa, a poesia é expressiva. É o que eu sinto. Eu não ligo que não entendam a poesia, nem quero que estendam, eu ligo se não entendem a prosa. A prosa me prende e a poesia me liberta. Mas eu amo as duas.

Parte VIII - Te sou fiel (Poema direcionado a quem eu estou apaixonado e não a quem eu amo.)
Te sou fiel em olhos,
Mesmo que você não me seja,
Te sou fiel em corpo,
Mesmo que você não me seja,
Te sou fiel em espirito,
Mesmo que você não me seja.

Mas ser fiel me é fácil,
ser fiel, já é um principio meu,
e com tudo o que meu pensamento alcança,
eu sou fiel.

Sou fiel ao cão comido pela sarna,
se for meu cão.
Sou fiel ao corte na mão,
se for meu corte.
Sou fiel a quem me denigre,
só dele sinto raiva.
Sou fiel a quem desejo,
se for meu desejo.

Ser fiel é para mim,
a coisa mais fácil do mundo.
E eu sou.

Parabéns, de mim conseguiste
o que qualquer um consegue.

Parte IX - Parte final
Eu queria escrever mais, mas não consegui.