quinta-feira, setembro 27, 2007

"E que então pensei numas tardes em que você sempre vinha, e numa tarde em especial, não sei quanto tempo faz, e que depois de pensar nessa tarde e nessa chuva e nessa roda-gigante, uma frase ficou rodando nítida e quase dura no meu pensamento. Qualquer coisa assim: depois daquela nossa conversa - depois daquela nossa conversa na chuva, você nunca mais me procurou..."

(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, agosto 03, 2007

Eu queria só um pouquinho, um pouquinhozinho daquilo. Daquilo quietinho para minhas dores de cabeça. Daquilo solitário, que dispensa olhares e pensamentos, eu queria daquilo, mas sem pensamentos. Eu queria daquilo numa tarde, num quarto branco, numa tarde com muito sol, com as janelas fechadas e o pressentimento do sol. Eu queria daquilo com lágrimas. Daquilo eu queria com música baixinha, CD's antigos gravados de mim por mim para mim, eu queria daquilo tudo muito egoisticamente, eu queria daquilo no meu mundo, do jeitinho que eu gosto, sem me importar com ninguém. Eu queria daquilo, no quarto escuro, mas branco, com uma luzinha artificial amarela, eu queria que daquilo nascesse sombras nas paredes, eu queria que daquilo nascesse suspiros nas paredes. Eu queria daquilo, no quarto escuro, branco, artificialmente iluminado e num chão duro, de madeira, envolto na minha bagunça, nos meus eus espalhados pelo chão, eu teria que revirar meus corpos já deitados para deitar. Eu queria daquilo na dureza, algo teria que doer para funcionar. Eu queria daquilo sem olhar. Olhos fechados, ouvindo cada passo na casa, cada passo no mundo. Eu queria daquilo secreto. Daquilo silêncio. Daquilo anti-romântico. Daquilo Narcisista. Daquilo rebelde. Daquilo encontrado. Eu só queria um pouco daquilo...

sábado, julho 21, 2007

Estou descobrindo seus limites.
Te desenhando, como quando
criança percorria o lapis
em volta da mão.
Descobrindo seus traços vagos,
seus traços fortes e borróes.
Ainda só vi um contorno fraquinho.
Um contorno de palavras,
doces e iguais as minhas.
Nunca vi meu contorno ou
limite. O unico que deveria conhecer
não conheço.
Talvez você seja meus
contornos. Ou algo do tipo.
Te desenhando eu me desenho talvez.
Ou nós somos aquela brincadeira:

"Mulecada da comunidade,
é hora de criatividade.
Vamos fazer um desenho bem bonito.
Aqui tem guaxe, não liga não.. Sai com água.
Pega esse sulfite, e desenhe algo bem bonito.
Bonito pra mãe e pai. Desenhem...
Sejam livres com as cores.

..

Desenharam? Deixa eu ver?
Que bonito. Quem é esse?
É você? Muito bonito.
Agora todo mundo dobra o sulfite,
bem dobradinho... Isso isso..
passa a mão por cima.. Pra colar as duas metades..
(Colar as duas metades)
Colaram..? Agora separem...
Viram? Dois desenhos iguais..
Ou melhor dois reflexos opostos.
Meio borrados e indefinidos."

Talvez sejamos borrões borrados
do mesmo desenho. Indefinidos.
O que ocorre é meu exagero em colorir.
O que ainda é preto e branco.
Colorir exageradamente ao som de musicas exageradas.
Pensamentos exagerados em cor.
Pensamentos exagerados em indefinição de cor.
Pensamentos são caleidoscópios. Os meus pelo menos.
Vou esperar. A tinta vai cair aos pingos
e eu equilibrarei o sulfite formando algo cego.
Depois se não der certo nos meus parametros de certo e errado
eu posso vender. Arte moderna. Está na moda.
E se não der certo eu pinduro na geladeira,
junto com as outras.

sexta-feira, julho 20, 2007

Sempre não é Todo dia

Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Olhei pro meu espelho e rá!
Gritei o que eu mais queria
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia
E eu que já sabia tudo
Das rotas da Astrologia
Dancei, e a cabeça tonta
O meu reinado não previa
Olhei pro meu espelho e rá!
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Botei o meu nariz a postos
Pro faro e pro que vicia
Senti seu cheiro na semente
Que a manhã me oferecia
Olhei pro meu espelho e rá!
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
E eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia

sexta-feira, abril 27, 2007

Escrito nas coxas...
Buscando algo, em exploração constante, averiguando cada canto, cada canto branco de pele, averiguando cada pequena ilha.
"Abre os olhos"
Testa colada, sorriso, medo.
"Convido?"
Tem que ser jogo rápido, mesmo querendo eternidades. Nem sempre a porta fica fechada e a casa vazia. Nem sempre o pra sempre é essa noite, mas tem que começar por algum lugar.
"Que filme quer ver?"
A pergunta que não tem a minima importância é feita e respondida indecisamente, não importa. Com três filmes nas mãos a escolha é feita.
"Ansiedade. Pensar em você cansa.."
"Tava com saudades."
"Estranho, porque nem te conheço."
"Signo de água.. Você sabe o que quer dizer?"
Entendo perfeitamente e mergulho nas profundezas de um signo de água. Que não se molda, que pode ser quente ou frio. Era quente. Indecisão de mãos, braçadas, respiração ritimada, preciso de folego.
"Quando faço muito disso sinto gosto de sangue.." - Penso.
E o convite foi feito e aceito, e dos medos a confirmação da ambiguidade.
Contentar-se de sentar em praças e conversar? Sim, mas não é preciso.

Acaricio seu peito e espero você me pedir vinho. Você bebe? Não me lembro. Bebe, bebe sim. Desse você bebe.
Escrita profética, a mais divertida.
Seu cabelo, espetado pinica minhas mãos abertas. Conversa.
"Pensei que você fosse pensar mal de mim.."
"Poderia pensar, mas de mim você pensaria pior."
Signo de água e signo de ar. Temperamento fleumático com temperamento sanguineo. Dá certo?

quarta-feira, abril 25, 2007

O TEMPO QUE VOCÊ QUISER

(Miramoicana)

É complicado entender tudo o que acontece com a gente

Mas é difícil ver a vida de um jeito diferente

É preciso amar mais, é preciso respeitar e compreender que não existe só você

E eu vou começar te dando um exemplo bem comum

Deixa o som rolar e o sentimento se é que existe algum

Vou te oferecer mais esta canção, para que você...peça...que eu... eu... eu... eu

Pegue na sua mão pra caminharmos o quanto eu puder

Se pedir pra ficar eu fico o tempo que você quiser

Não,não faz,não faz tanta diferença assim

É que a minha alma não entende mais o que querem de mim

Eu só quero e desejo viver...

E pegar na sua mão pra caminharmos o quanto eu puder

Se pedir pra ficar eu fico o tempo que você quiser

segunda-feira, abril 02, 2007

Num vim aqui querendo provar nada
Num tenho nada pra dizer também
Só vim curtir meu rockzinho antigo
Que não tem perigo de assustar ninguém

(let me sing, let me sing...)

quinta-feira, março 22, 2007

Mas tudo bem, tudo bom
Uns têm, outros não
Uns vêm, outros vão

quarta-feira, março 21, 2007

Assim que a porta bateu o menino ficou em seu quarto azul, semi-azul na verdade, esperando algo. Algo que se definia na briga da cortina com o vento. Era noite. Não se espera muitas coisas a noite(muitas coisas externas). A noite estava quente, no fundo se ouvia o barulhinho de gotas tocando o chão, e o cheiro de terra limpa, ele queria sair naquelas gotas, sentir as gotas, como fizera meses antes, despreocupado com o momento, com as horas, apenas sentindo as gotas tocarem seu corpo... Mas agora estava no quarto, esperando, algo que não viria tão cedo, não viria na chuva ou não viria simplesmente em momento algum. Esperou um pouco mais nesse clima, até que resolveu colocar aquele cd pra tocar. Aquele cd tinha sido presente de um amigo, haviam umas 20 musicas no cd, apenas 5 ou 6 tinham voz... Era trilha de um filme de cowboys gays.. Ele adorava aquele cd. Colocava ele sempre a noite, e ouvia, ansioso pra ouvir a faixa que tinha a musica da mulher que falava coisas interessantes, no sentido de comuns. As vezes coisas comuns são interessantes.

(- Você gosta dessa musica? Ela te faz lembrar alguém?
- Hum.. Não necessáriamente, eu gosto dessa musica, mas a história dela é comum, cabe a qualquer casal, eu não lembro de alguém, mas eu entendo do que se trata...)

Em determinado momento, como sempre ocorria ele dormiu na faixa anterior a sua favorita. Dormiu. Dormiu um sono desconfortável. Sono de calor. Sono de pernilongos e coceiras. Sono de suor. Sono de delirios.. Esses tipos de sonos são sonos de delirios. Ele dormia, mas dormia acordado, sentia o que acontecia ao seu redor, e sentia o que lhe acontecia em seu interior, ao acordar aquilo sempre se misturava, de uma maneira a deixar ininteligivel o que era sonho do que era realidade. Acordou desse sono, como sempre com a cabeça pesada, com sede... Levantou, cambaleou um pouco atá a porta, tateando o quarto, pra não trombar com o móvel que estava perto, que ele sabia/sentia estar perto, trombar seria questões de minu..(trombou). Desviou.
Se livrou do quarto, o cd já tinha acabado, havia dormido uns 40 minutos, tempo suficiente para devaneios. Bebeu água e como sempre depois disso assistiu um pouco de TV. A TV na verdade era uma desculpa para fugir do quarto azul, semi-azul na verdade, porque naquele quarto ele sabia existir seres novos. Seres que não existiam antes. Seres-crianças. E ele sempre odiou esse tipo de criança, do tipo manipuladora. Ele ia ficar acordado esperando a criança dormir, ela teria que dormir um dia. Seu quarto seria seu de novo um dia. E ele pintaria ele de laranja. Só que ainda não era o momento. A criança dormia sempre pelas 2:30 mais ou menos. Dormia no chão. Era uma criança vermelha, invisivel, e vermelha ao mesmo tempo, invisivel e gorda, invisivel e alta. Seus olhos grandes, suas mãos grandes. Ele tem medo dessa criança. Eu tenho medo dessa criança.

sexta-feira, março 02, 2007

Cebelos vermelhos

Pequeno e frágil se trans forma
formou formará.
Por mais que na minha cara,
na cara dos outros dói mais,
prisão de sentidos, de corpo,
de palavras clichês que não falarei.
Encontrarei no olhar do outro
a dúvida "Abraço ou pena?"
"Abraço por pena?".
Estranho mundo,
a acusação é mais aceitável
do que o amor.
A acusação envergonha menos.
De tanto sentir não se sente nada.
Muito também é inútil.
Pouco também é inútil.
Inútil que agora eu tenha palavras.
As palavras nunca me faltam
quando não há a quem serem ditas.
O que pensam quando não me ouvem?
O que pensam quando não abraço?
O que pensam?
Sem motivos para a entrega
o mundo continua só,
enquanto meu frágio se trans forma
formou formará alheio a isso
ficam sós quem eu não abracei,
quem eu não demonstrei,
as lágrimas sempre são alheias e
sempre imaginadas.
Eu não vejo ninguém chorar(quase)
"As lágrimas não existem?"
Lendas. O que deve ser lido?
Ninguém me viu chorar(quase)
"As lágrimas não existem?"
Lendas. O que deve ser lido?

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Corpos

Ivan Lins

Existem mais mundos
No alto ou no fundo
Entre eu e você
Existem mais corpos
Ou vivos, ou mortos
Entre eu e você
Procure saber, procure em mim
Procure em você
Procure em todos
Na lama, no lodo
Na febre, no fogo
Existem mais corpos
Ou vivos, ou mortos
Entre eu e você

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Bário me deixa possessivo..

Perpendicular ao modo antigo, de frente a janela e me esperando, fumamos um pouco algo novo, novo para mim, olhamos a rua e em meio a delírios travamos um dialogo mental sobre amigos meus que você não conhece.
"Nem abre a boca, quando você abre a boca só sai merda".
"Ah.. nossa".
Beijos.. Te pergunto se posso te perguntar sobre beber água, você me responde que posso perguntar sobre beber água, então não pergunto, porque afinal de contas a água era minha. Bebo. Boca seca. Te pergunto como foi a viagem com a minha amiga que você não conhece, ai me lembro que você não a conhece e rio.
"Meo.. Vc tá chapado. Não é bom dormir."
Tenho medo de dormir, cada vez que meu olho fecha é uma viagem que faço. Abraços, calor, sono.
"Como você é encanado!".
"Era pra você ter me seguido".
"Você ficou bravo?".
"Quase chorei".

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Delírio

(Secos e Molhados)

Não vou buscar
A esperança
Na linha do horizonte
Nem saciar
A sede do futuro
Da fonte do passado
Nada espero
E tudo quero
Sou quem toca
Sou quem dança
Quem na orquestra
Desafina

Quem delira
Sem ter febre

Sou o par
E o parceiro
Das verdades
À desconfiança