quinta-feira, janeiro 05, 2006

Porque?

Me guie por favor.
Me mostre o caminho.
O caminho que vai de mim até você.
Eu já cansei de procurar,
você existe mesmo?

Se você existe, você existe
na dança, no suor, no momento,
no calor, nos palavrões, nos convites,
nos olhares, nas mãos na boca,
nas costas, nos pingos das chuvas,
nas prostitutas, no meu não entender,
no meu não te conhecer, em mim.

Você existe em mim, e fora de mim.

Você existe em mim,
sem nunca ter me tocado,
sem nunca ter me encontrado,
e existe fora de mim,
sem nunca ter me deixado.
Você é um paradoxo,
o meu paradoxo.

Escrevo porque não te conheço.
Escrevo porque te tenho não tendo.
Nem eu me entendo.
Escrevo porquê em cada palavra,
um dos véus cai, e uma parte,
mesmo que minuscula sua,
se mostra, e eu por um momento
te vejo, mesmo que nunca veja.
Por um momento te tenho, mesmo
que nunca tenha.
Por um momento você
diz que me ama,
mesmo sendo muda,
e mesmo eu sendo surdo.
E nos entendemos.

Por isso escrevo:
por não te ter realmente.
Por isso escrevo:
por não querer escrever.

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