sexta-feira, dezembro 31, 2004

breve novela de uma linha só

porque talvez seja a solidão acompanhada
a mais dolorosa das chagas
expostas no palco dos rostos
quase em preto-e-branco
quase mortos
numa mancha de sangue de mãos levadas ao céu.

porque eu posso te esperar na casa quente
de uma noite fria
e na labareda dos teus olhos
quando encontrar perdidos pelo chão
-fragmentos de amor
em papel picado
sob a luz de velas sonolentas
que assiste ao sorriso apaixonado

porque eu posso te esperar na casa clara
de uma tarde quente
e na água da tua boca
quando encontrar perdido meu corpo
algo assim algodão
- pra secar tua vontade
no balanço sonoro de uma rede
que acolhe o amor entregue

porque eu posso te esperar à calçada
da praça da vila
na noite de lua cheia
quando as flores banhando a grama
vierem seguir teus passos
e crisparem teus pés
eu, de braços abertos

e tudo é melodia
e tudo é tempo
e lugar
e ainda me ponho aqui
por
ver
você
até
quando
fecho
os
olhos

Tirado de teoria do conceito

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