sexta-feira, março 18, 2005

Uma noite e meia com Jung

Já não posso ficar acordado, forças me empurram para um pesado sono, onde os sonhos são puros e belos como um filme em preto e branco, às vezes, mas só às vezes coloridos, onde meu cão sem patas e sem cabeça sorri e eu tenho o poder e a decisão sobre a continuidade ou não de sua vida, algo me diz que no fundo no fundo se eu deixar ele viver novas patas e uma nova cabeça nascerá e ele poderá correr livre para seus sonhos e amores sem o peso de sua antiga cabeça suja e ultrapassada (velha), coitado, cada ano seu é dez nossos, eu entendo, mas para que deixar ele viver se sua vida é literalmente “uma morte em vida”? Coitado, tudo lhe dói, mas eu sei, ele me contou, o carro que decepou suas patas não cortou realmente suas patas, o carro que decepou sua cabeça não decepou realmente sua cabeça, antes, muito antes, talvez a partir de seu nascimento a vida vem pouco a pouco decepando seus membros e sua cabeça, para que deixar ele viver? Isso tudo parece tão familiar, sim, é familiar, terá sido eu quem decepou suas patas e sua cabeça? Para que fazer perguntas da qual eu já sei a resposta? Para que fazer perguntas que eu tenho medo de responder?

Nenhum comentário: