sábado, junho 25, 2005

Silêncio!...

No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...


Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!


Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!


Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...

(Florbela Espanca)

Eu já te disse que a lua ficou mais bonita? Sei lá, ela está mais cheia, parece que mais perto. Teve um dia que ficou até vermelha. Não sei. Pode ser que eu esteja reparando mais nela nas minhas novas caminhadas noturnas. Na ida, uma caminhada ansiosa, quase uma corrida, onde não reparo em nada, só quero chegar. Na volta é quase um sonho, em que esta friozinho e eu não estou sozinho, eu nem ando, eu quase flutuo, olhando a lua e sentindo o vento. E eu não estou sozinho... Eu adoro inverno de céu limpo...

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