sábado, setembro 17, 2005

Nowadays...(O mais dificil é o titulo...)

"Renda-se como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei.
Pergunte, sem querer, a resposta, como estou perguntando.
Não se preoucupe em "entender".
Viver ultrapassa todo o entendimento."
(Clarice Lispector..)

Estavam juntos, mãos dadas. A rua estava escura e o silêncio total, não se viam, se sentiam pelas mãos que se tocavam. Madrugada. Vento. Os cabelos longos balançavam mais que os curtos e traziam um cheiro, cheiro bom, não um cheiro que se possa classificar, não é cheiro de shampoo, acho que é o próprio cheiro da pessoa, o conjunto de experiências, de pequenas vidas vividas em uma que dava esse cheiro. Cheiro bom. Os cabelos curtos também se debatiam, o cheiro também era bom, mas nada supera os cabelos longos. O silêncio. O silêncio. O silêncio, agora chegou ao fim, os cabelos longos murmuraram algo, que em segundos se transformou em uma conversa animada, algo para se conhecerem, algo para amigos. Conversa. Passos. Madrugada. A conversa agora ia se esvaindo, não que tivesse problemas o não conversar, apenas aconteceu... Os cabelos curtos se atreveram a dar passos longos e se atreveram a se separar a dois passos, mas as mãos estavam dadas, e numa prova incontestável de que as leis da fisica funcionam, houve uma separação de corpos ligados ao máximo e uma junção de corpos próximos, um beijo. "Shiu". Um dedo encostando no lábio. "Posso?". Beijo. Abraço. Minutos. Abraço. Beijo. Passos. Mãos dadas. Os passos os levaram para uma rua iluminada pelos postes. Civilização. Constrangimento. Mãos soltas. Olhos que se encontram. Olhos que se desviam. Medo. Cabelos longos. Passos. Cabelos Curtos. "Não precisa falar. Eu sei. É reciproco.". Passos. Passos. E beijo.

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